Único trabalho em parceria de Raulzito. “A Panela Do Diabo” é um epitáfio com letras douradas e que merece destaque em qualquer coleção que se preze.
O álbum abre com uma pequena introdução à capela da clássica “Be Bop a Lulla” de Gene Vicent já demonstrando que se trata de uma ode ao rock and roll. Aliás, “Rock ‘N’ Roll” é o nome da faixa seguinte que não deixa nada a dever para o estilo que amamos tanto. A letra revela toda a rotina letárgica que circunda a vida dos protagonistas. A curiosidade é que o solo da canção foi gravado pelo blues man André Christóvam que a compôs em segundos no estúdio e quando tentou fazer algo mais “trabalhado”, foi impedido por Raul e Marcelo que acharam o primeiro take da gravação espontâneo e sincero o suficiente pra ser o registrado. “Carpinteiro Do Universo” segue numa balada de letra super poética. “Quando Eu Morri” é uma declaração de Marcelo Nova sobre seus tormentos junkies do passado e faz muita gente se identificar. A vez de Raul se declarar vem logo depois com “Banquete De Lixo”. O lado B do vinil abre com “Pastor João e a Igreja Invisível” que mostra de forma irônica e divertida como os Edir Macedo da vida se dão bem em cima do conformismo popular. “Século XXI” repete a fórmula certeira de que a tal “evolução” é algo bem questionável. “Nuit” é uma obra prima de Raul Seixas. Não entendo como uma faixa tão bela e poética pode passar despercebida e não ser comentada nem executada em canto nenhum. Composição de Raul em parceria de, sua então esposa, Kika Seixas. “Best Seller” tira sarro com os ditos “intelectuais” que posam, falam e só. “Você Roubou Meu Vídeo Cassete” talvez seja a mais fraca do disco. Porém, mesmo assim, ainda apresenta qualidade digna de poetas musicais. “Câimbra No Pé” fecha a bolacha com uma letra que mostra o lado juvenil ativo dos autores.A participação de Gustavo Müllem como guitarrista da banda Envergadura Moral, que acompanha os mestre, é o aval do Camisa de Vênus. A direção artística do gênio Liminha é sempre primorosa e a produção do grande Pena Schmidt com Carlos Alberto Calazans, e os dois personagens principais, é feito profissional que não deixa nada a desejar a uma grande produção gringa.
Enfim, um trabalho único que fecha com chave de ouro o legado do Maluco Beleza e honra Marceleza por acompanhar essa trajetória que nunca terá fim, pois já está carimbada na história da música e do rock brasileiro. Peça obrigatória.
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