domingo, 30 de janeiro de 2011

Comunicado

O especial MOONSPELL que seria apresentado neste sábado passado (dia 29) ficará para o próximo programa Vertical Classic Rock, devido a problemas técnicos em equipamentos da rádio Vertical. Agradecemos a compreensão.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O Único Registro Em Vinil Do Rock Manauara

Um dos primeiros bares de rock da cidade de Manaus foi o Espaço Aberto.  Isto na segunda metade da década de 1980.  Localizado num mini shopping center num bairro, até então nobre, da cidade, o local era pequeno, mas aberto com boa ventilação e espaço para circulação.  Na época não tínhamos problemas com Internet, computadores pessoais, celulares, mídia digital e outros demônios que facilitam e dificultam nossa rotina de hoje.  Como a AIDS ainda não estava difundida, não precisávamos usar preservativos.  O movimento rock em Manaus era pequeno.  Logo, todos se conheciam e compartilhavam as drogas, as bebidas, as fitas K7 e o sexo.  As drogas eram de melhor qualidade e não tinham toda a arqueação que teem hoje.
O bar lotava e o clima era o de um micro festival rocker/junkie.  Mais outros dois bares abriram vizinhos no mesmo shopping em afã do público grande, aumentando mais ainda a diversidade e a diversão.  Os banheiros eram uma festa à parte.  Estavam sempre com várias pessoas.  Nas pias alguns usavam cocaína, nos vasos sanitários casais transavam e a fumaça de maconha e nicotina nublava o interior.
Após a sequência de mesas, havia um espaço livre com cerca de 5 metros de distância até um elevado baixo de concreto que servia de palco ao ar livre.  Os shows ao vivo geralmente eram aos sábados, e quase sempre tocavam duas bandas na noite.  “Torre Astral”, “Dix”, “Artânia”, “Estado De Coma” e “Enigma” eram alguns dos nomes que brilhavam como atrações que tocavam músicas próprias e covers em seus repertórios de gigantes como Iron Maiden, Deep Purple, Judas Priest, Black Sabbath, Whitesnake, dentre muitos outros.
De uma leve reformulação da banda Enigma, nasceu o grupo Flash.  Se apresentava como power trio e tinha como destaque o ótimo baixista Beto Lee (provavelmente, o homônimo filho de Rita Lee ainda não tinha nascido) e o excelente guitarrista vocalista Beto Rock.  Com agudos em falsetes perfeitos, Beto Rock nunca perdia o timbre de sua guitarra base e solo.  A performance destes rapazes incendiava a platéia.  Aproveitando o relativo sucesso que faziam, no ano de 1988 conseguiram gravar um álbum em vinil chamado “Vozes Do Inferno”.  O disco é um EP de 12 polegadas com apenas 4 músicas.  A sonoridade em si vagueia entre o hard rock e o rock nacional dos anos 80, sinceramente sem muito diferencial do que se fazia no momento.  O destaque vai para a faixa “Quero Ser Eleito”.  Um rockão stoneano com letra irônica e já preventiva ao que encontraríamos nas eleições diretas, que surgiriam em seguida.  Como não houve grande aplicação de marketing e divulgação, a vendagem foi um fracasso.  Era possível se encontrar os discos encalhados nos balcões das lojas e sempre acabavam no meio de promoções em queimas de estoque.  Devido ao insucesso de vendas, o grupo se acabou.  Os músicos sumiram.  Beto Rock não mora mais na cidade e o nome Flash caiu no esquecimento.  Hoje em dia os colecionadores de vinil trocam a tapas exemplares dessa raridade que é um grande registro para a história do rock de Manaus.
Como sou um dos poucos sortudos que possuem um exemplar dessa peça de museu, disponho-me para veicular a digitalização do trabalho, caso alguém se prontifique em colaborar com o equipamento.  Interessados, façam contato.

sábado, 22 de janeiro de 2011

CarnaRock Do Vitrola

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Especial Moonspell


Formada no ano de 1989 com o nome de Morbid God e com o intuito de tocar black metal, esta importante banda do cenário lusitano, aos pouco foi ganhando respeito em seu país de origem.  Em 1992 após mudar alguns membros de sua formação, o grupo mudou também de nome, adotando definitivamente Moonspell.  No ano seguinte assinam um contrato com uma gravadora francesa e lançam o seu primeiro EPUnder The Moonspell”, depois de já terem lançado disco demo.  Em 1995 mudam de gravadora e lançam, finalmente, o seu primeiro CD intitulado “Wolfheart”.  Neste primeiro disco, vem também a mudança de estilo.  Migram para o chamado gothic metal, alcançando assim notoriedade internacional.  O disco do ano seguinte “Irreligious” possui o maior hit da banda “Opium”, que foi escrito inspirado no poema “Opiário” de Fernando Pessoa, que assinou com o pseudônimo de Álvaro de Campos.  Em 1998 conseguem experimentar elementos da música eletrônica no ótimo disco “Sin/Pecado”.  Não satisfeitos com a mistura de eletrônico/gothic e black metal, levam a fórmula ao extremo no disco de 1999 chamado “Butterfly Effect”.  Em 2001 abandonam o experimentalismo e voltam para o gothic metal no disco “Darkness And Hope”.  Porém, foi com o álbum “The Antidote” de 2003 que mostram uma excelência inigualável neste estilo que lhes consagrou.  Em 2006 conseguem o inesperado.  Entrar para as paradas de sucesso em Portugal com o disco “Memorial”.  Devido ao enorme sucesso deste disco, ganham o MTV Europe Music Award como The Best Portuguese Act.  No ano seguinte voltam às origens regravando músicas do início de carreira no álbum “Under Satanae”.  O último disco é do ano de 2008 e se chama “Night Eternal”, estando a banda em atividade até hoje.
A maior qualidade do Moonspell, certamente é o lirismo da literatura portuguesa explícita em muitas letras de músicas e em parte dos arranjos que, vez ou outra, trazem instrumentos da cultura lusitana.  Apesar de cantarem em inglês, algumas músicas foram gravadas cantadas em português, dando assim, um ar mais poético e original em suas canções.
Em homenagem a essa grande banda portuguesa que o programa Vertical Classic Rock faz o especial Moonspell.  Dia 29 de janeiro das 14:00 as 16:00 (horário Manaus) na rádio Vertical, com direção e apresentação de Mário Orestes.  Para escutar o programa, basta acessar o site (http://www.radiovertical.com/).

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Thrasheando 4

THRASHEANDO 4 - 15 DE ABRIL DE 2011 (SEXTA-FEIRA)

INÍCIO ÀS 20:00HS (PONTUALMENTE)

QUADRA ACADÊMICOS DE PETRÓPOLIS

RUA RAQUEL SOUZA, PETRÓPOLIS

LINHAS DE ÔNIBUS: 519, 601, 609, 610

COM AS BANDAS:

EXTREMAMENTE TOSCO (LANÇANDO SEU CD DEMO "O AMANHÃ É O ONTEM")

http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=mp&uid=17372954637447134838

EVIL SYNDICATE (LANÇANDO SEU CD DEMO "SHADOWS OF INSANITY")

www.myspace.com/evilsyndicate

EXTREME WARNING (LANÇANDO SEU CD DEMO "ALCOHOLIC THRASH")

http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=mp&uid=5823056011918820523

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=101437729

dark_satirus@yahoo.com.br – Rennan

necro_epitaph@hotmail.com - Jamerson

DISRITMIA (LANÇANDO SEU CD DEMO "O INFERNO É AQUI")

http://www.myspace.com/disritmia

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=40671487

HIPNOSE DEATH (LANÇANDO SEU CD DEMO "A MORTE")

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=45920706

http://www.myspace.com/hipnosedeath

PLATOON

http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=mp&uid=14421467968000085581

INFECTION

http://www.myspace.com/bandainfection

EPIDEMIC

http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=mp&uid=6805482756262904023

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL DA BANDA BLASFEMADOR DO CEARÁ FAZENDO A TOUR BRASIL MASSACRE 2011 LANÇANDO SEU FULL-LENGHT "A MEIA NOITE LEVAREI TUA ALMA" (www.myspace.com/blasfemador)

INGRESSOS ANTECIPADOS A PARTIR DO DIA 17/01: R$ 10,00

(ATÉ AS 21:00HS DO DIA 15 DE ABRIL)

APÓS AS 21:00HS: R$ 15,00

PONTOS DE VENDAS:

BAR DO CABELO - AVENIDA RODRIGO OTÁVIO, COROADO I

AFRÂNIO TATTOO - RUA VALÉRIO BOTELHO DE ANDRADE, SÃO FRANCISCO

(PRÓX. AO FÓRUM ENOCH REIS/SEFAZ)

LOJA STREET COMPANY - AVENIDA LEONARDO MALCHER, CENTRO

LOJA SOTURNA - RUA HENRIQUE MARTINS, CENTRO

(SHOPPING POPULAR LOJA 16A 1º ANDAR)

AMAZONAS CYBER CAFE - RUA MONSENHOR COUTINHO, CENTRO

(PRAÇA DO CONGRESSO)

LOJA ALDEIA DO ROCK - RUA JOÃO VALÉRIO, 250, ED. PREMIUM, VIEIRALVES

REALIZAÇÃO:

MAPINGUARI PRODUÇÕES

GUERREIRO AJURICABA PRODUÇÕES

Perfil

http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=mp&uid=697532299670168698

Comunidade

http://www.orkut.com.br/Main#Community?rl=cpn&cmm=83870857

Blog

guerreiroajuricabaprods.blogspot.com

E-mail

foffproducoes@gmail.com

MANAÓS ROCK PRODUÇÕES

http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=mp&uid=862880081805007279

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Entrevista Com A Banda Soda Billy

Banda manauara com estilo peculiar.  Rock and roll básico, mas com forte influência de surf music, jazz, soul, blues e afins, a Soda Billy acaba de lançar seu primeiro CD.  Sem medo nenhum de explorar elementos das big bands, um naipe de metais consta em quase todas as apresentações.  Bom gosto pode ser o resumo para uma súmula resenha do som.  Abaixo, uma entrevista cedida gentilmente por Matheus Gondim (guitarrista vocalista da banda).
 
Orestes: Quando e como surgiu a Soda Billy?
Matheus Gondim: Em meados de 2003, quando começamos a tocar com o nome de Soda Billy, antes disso (fase pré-natal) chamava-se "Betty Rocker" numa alusão à musa dos anos 50 e ícone pin up Bettie Page, chegamos a fazer alguns shows com esse nome.  A idéia era montar uma banda que tocasse rock n roll, rockabilly, surf music e blues para agitar nas noites fazendo o povo dançar.  Isso foi obtido de certa forma e foi nessa época inicial que surgiu a musica "Surfando No Igarapé Do 40" que é basicamente um riff de guitarra de rock n roll e surf music.  Queríamos uma banda de rock n roll anos 50 sem "xorumelas", sem aquela coisa saudosa de "éramos todos jovens", uma referência muito boa pra gente nessa época foi a banda texana Reverend Horton Heat, que fazia um som mais pesado que o Stray Cats, mas mantendo as  fortes influências do old rockabilly (alguns os classificam como uma banda de psychobilly, mas há controvérsias), então pensamos que era possivel uma banda de rock n roll clássico soar como atual e se manter contemporânea.
Nessa época eu não sabia o significado do conceito "vintage" e que me ajudou muito a explicar o porquê da Soda Billy, pois vintage é aquilo que não fica ultrapassado.  É velho, mas é atual e se faz presente na cultura tal como tênis "All Star", o "Fusca", o próprio futebol é vintage (tirando alguns jogadores mercenários e toda essa podridão que é a FIFA), pois é um esporte que ganhou popularidade no pós-guerra, justamente nos 50 e hoje esta mais vivo que nunca.  Há varias coisas "vintage" presentes na cena contemporânea, se você for observar na moda, na arquitetura, na cultura, culinária, na política e até na medicina, onde alguns parâmetros que norteiam procedimentos médicos como transfusão de sangue e usos de drogas como morfina são também oriundos do pós-guerra.  A Soda é isso.  Uma forma de apresentar às novas gerações elementos musicais ainda vivos que são a base que conhecemos hoje, do pop ao metal.
Muita gente pensa que o rock surgiu com os Beatles, muita gente pensa que o metal veio do nada com o Black Sabbath, muita gente pensa que Lady Gaga veio da Madonna e que essa veio da disco music anos 70, esquecem que Beatles ouviam Buddy Holy e Everly Brothers, que Black Sabbath chegou a gravar Carl Perkins (Blue Suede Shoes) e que essas duas nem o Michael Jackson não existiriam se não houvesse uma gravadora negra chamada Motown que  absorveu todos os artistas de soul music e doo wop remanescentes dos anos 50 e primeira metade dos anos 60.  A Soda tenta, dentro do possível contribuir musicalmente com essas informações em suas apresentações pra romper com elos da desinformação que ainda é muito presente.

O:Soda Billyé alguma bebida patenteada ou um nome divertido que exprime a cultura rocker?
MG: O nome veio de uma idéia contrária a de que "nome de banda tem que trazer uma mensagem".  Na época pensamos em algo que não significasse absolutamente nada, mas que soasse legal.  A rigor deveria se chamar Soda Blues, mas isso iria fechar ao invés de abrir nossas possibilidades musicais. Sempre tive e sempre terei respeito ao blues, já que minha formação musical passa toda por ele, mas definitivamente não me interessava em fazer uma banda só de blues.  Contudo, as pessoas sempre perguntavam: o que é Soda Billy?  Bem, dessa ampla possibilidade musical vintage que optamos acabou surgindo o significado-resposta pro nome Soda Billy, pois, assim como um drink é formado pela combinação de alguns ingredientes.  Pensamos que Soda Billy poderia ser um drink formado por blues, rockabilly, jazz, surf rock, rock n roll, latin, etc.  Então Soda Billy não é um refrigerante novo como perguntam pra mim, por aí quando vêem minha kombi preta pelas ruas com o logo da banda, que é um copo com um liquido.  E sim uma banda com conteúdo de várias vertentes musicais que não são peças de museu.

O: Qual a atual formação da banda?
MG: A banda está com 7 integrantes: eu na guitarra e vocal, o Ricardo Peixoto no baixo, o Igor Saunier na batera, Daniel Jander no sax, Neoverton Rodrigues no trombone, Vanei Valois no trompete e Kamila Guedes no vocal.  Mas de certa forma todos que participaram da banda fazem parte de uma família chamada Soda Billy.

O: Vocês acabaram de lançar um CD.  Como foi o processo de produção e gravação?
MG: A parte da gravação foi tranquila, com dificuldades básicas enfrentadas por todos em estúdios, mas a atuação do Roberto Montrezol foi definitiva pra fazermos algo bom, sobretudo em relação aos timbres e afins.  A mixagem também foi show de bola.  O problema maior ficou na masterização e, sobretudo, na prensagem, pois envolveu uma parte burocrática cujo nosso conhecimento era zero, isso fez atrasar muito o lançamento.  Uma coisa que eu não posso deixar de falar é que o nosso CD não foi só fruto do trabalho da banda e sim de vários amigos como Deco Salgado (design) e Eric Quesado (fotos) além do próprio Beto que, além de curtirem nosso som, nos deram essa força.  Isso sem contar com o patrocinadores: All Night, Chefão, Vicaz, Estúdio de Fotografia Daniel Cruz e Cultura Inglesa.  Foi um trabalho conjunto.

O: Qual a receptividade que o disco está tendo e o que esperam dele?
MG: Estamos recebendo muitos elogios com esse trabalho e no geral está tendo uma boa saída nas lojas disponíveis (Saraiva e Bemol).  Esperamos que do reconhecimento do nosso trabalho, surjam convites para nos apresentarmos em outros estados ou, quem sabe, em países vizinhos.  Acredito que isso irá ocorrer ao longo desse ano.

O: Além do CD, a banda está lançando uma série de outros souvenirs pra venda.  Fale um pouco sobre isso.
MG: Sim, isso é uma idéia antiga.  O logo da banda (criado por Alírio Castro, ex-baixista da banda em seu início) é show de bola.  Logo surgiram idéias de transformá-los em itens para nossos fãs.  Por isso fizemos um numero limitado de  chaveiros, bottons, adesivos, camisas e canetas.  Que estão disponíveis na forma de kits, mas em breve essas peças poderão ser compradas individualmente a preços bem acessíveis.

O: A Soda Billy é basicamente uma banda de rock and roll, mas com influências de jazz, blues, surf music e outros estilos afins.  Há público pra esses estilos em Manaus, ou ainda está em processo de formação?
MG: A palavra "responsabilidade" soa pesada em nossa consciência.  Sempre parece mais um "fardo" do que algo prazeroso.  Mas no nosso caso trouxemos para si a responsabilidade de, sem apoio direto do Estado, promover uma mudança do cenário cultural da cidade pelo menos naquilo que está ao nosso alcance.  Hoje em Manaus, ainda mais com esse lance de Copa, você tem em toda esquina um discurso que nos coloca como metrópole, como uma cidade cosmopolita.  Bem, eu discordo disso enquanto não houver uma mudança na cultura também.  Não adianta uma cidade cheia de shoppings, viadutos, metrôs de superfície e prédios se a cultura continuar provinciana, pois você tem forró em Manaus de segunda à segunda e isso limita as possibilidades de uma metrópole, pois, ao meu ver, uma metrópole deve oferecer não só forró e brega, mas jazz, música latina, dance, rock (muito rock e de vários estilos. risos), blues, metal, música erudita etc.
Há muita coisa sendo criada aqui.  Temos ótimos intelectuais, ótimos escritores, um dos maiores matemáticos do mundo é comedor de jaraqui (risos), o Dr. Renato Tribuzzi, temos ótimas bandas, nossa culinária é bem rica, nosso pólo industrial ainda é um pólo mais de montagem do que de criação, mas isso pode mudar se houver interesse político.  Enfim, Manaus precisa dar um salto de mentalidade e para isso não precisamos de uma "Revolução", mas talvez de pequenas revoluções e hoje há vários meios pra isso, e respondendo sua pergunta, hoje há sim público pra tudo em Manaus, e ficamos orgulhosos de saber que a nossa parte está sendo feita e já mostrando tímidos resultados, pois eu soube recentemente, que já existe um público bem jovem sabendo da nossa existência e curtindo nossa música.  Ou seja, jovens na faixa dos quinze que, além de Restart, ouvem também Soda Billy.

O: As covers sempre foram um ponto forte nos shows da Soda Billy e colocam o público pra dançar.  Vocês estão tendo a mesma reação com as músicas próprias ou isso é um fator que dependerá de mais tempo de divulgação do CD?
MG: Sim, músicas como "Vou Pegar Aline", "Surfando No Igarapé Do 40" e "Go To The Boogie" têm agitado sempre nos shows.  Lembrando que nossos covers não são nunca meros covers.  Sempre tentamos fazer releituras das músicas que tocamos de outros artistas.  Raramente tiramos uma música de alguém igualzinho como está no CD, isso nos possibilita interpretar a música do nosso jeito, ao nosso estilo.  Mais ou menos como as versões da Mona Lisa que fizeram Andy Warhol e Botero.

O: Esta pergunta eu faço pra toda banda manauara que eu entrevisto:  O que falta para o rock local ganhar projeção nacional, visto que aqui há tantas bandas de qualidade?
MG: A mesma coisa que falta não só para o rock, mas para a poesia, para a arquitetura, para a gastronomia, para as ciências e por aí vai: uma mudança de mentalidade, que incluiria, entre outras coisas, com a ruptura desses estereótipos do "regional exótico" que nos faz tanto mal, desse museu anacrônico que é coisa pra turista ver.  Me refiro a essa mentalidade turística que fica presa entre a La Bella Époque e o exótico do caboclo, cujo  próprio caboclo não aguenta mais e, por fim, dessa idéia de quintal de mundo, onde nada é produzido.  Tudo é implantado aqui vindo de fora ou extraído daqui naturalmente.
Há coisas sendo produzidas aqui sim.  Há muita gente criativa (outro dia eu provei um sushi feito com ingredientes da região, feito por um sushi man daqui, um sabor único no mundo, não é mesmo?).  Mas enquanto houver uma mentalidade hegemônica negando constantemente isso, vamos ficar renegados a essa condição periférica.
No caso especifico do rock, bastava algum empresário da noite investir (de forma planejada) em bandas locais com seus trabalhos próprios, pois há um enorme público carente de bandas com músicas próprias.  Ao passo que o mercado de bares covers está saturado, pelo menos em Manaus.

O: Deixe os contatos da banda e um recado final para nossos leitores.
MG: Nossos contatos estão todos disponíveis no site www.sodabilly.com. Agradeço a atenção e o espaço para divulgação de nossa música e de nossas idéias aqui neste blog.  Esperamos que o leitor goste do nosso trabalho musical e ajude a divulgá-lo.  Isso irá contribuir não só conosco, mas também com a cena cultural de nossa cidade.  Abraços e let´s rock!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Show Da Banda Willy Kaolho

domingo, 9 de janeiro de 2011

O EP De Estréia Mais Vendido Do Brasil

Em meados da década de 1980, as gravadoras encontraram uma boa maneira de investir numa banda sem arriscar com grandes orçamentos em um grupo no qual não tinham a certeza que seria sucesso. Os compactos singles estavam em declínio por pouca demanda de mercado e o Long Play (LP) era o investimento naquilo que já se tinha a certeza de sucesso. Surgiu o Extended Play (EP). Também chamado de “mini LP”, o EP era nada mais do que um single disc de 12 polegadas com mais faixas do que um compact disc e menos faixas que o LP. Dezenas de grupos lançaram o seu debut (primeiro disco de trabalho de uma banda) como um EP. Aqueles que tinham boa aceitação de crítica e público (principalmente), tinham maior orçamento para um LP que seguiria aquele trabalho inicial. Aqueles que não passavam no primeiro investimento teste, seriam abandonados pelas gravadoras e estavam fadados ao esquecimento. O número padrão de faixas de um EP era somente 6. Depois de discutirem com os cartolas da gravadora, exigirem o que não podiam, inventarem histórias e blefarem de todos os jeitos, os rapazes da Plebe Rude, conseguiram a autorização pra lançarem um EP com 7 faixas.
Até Quando Esperar” é a faixa que abre o disco e sem dúvidas o maior hit já fabricado por Philippe Seabra, André X, Gutje e Jander Bilaphra. A música é simplesmente tocada até hoje em rádios, festas e está obrigatoriamente em todos os set lists de shows do grupo. A introdução de violoncelo mostra a melodia da música que fica na memória por muito tempo. A letra remete ao nome da banda com a clareza da influência punk. “Proteção” segue o trabalho com uma linda letra (considerada “didática” bela banda) anti repressão e é uma ótima trilha sonora para passeatas. “Jhonny” fecha o lado A da bolacha com um pouco de ironia sobre a prestação do serviço militar e da guerra. “Minha Renda” abre o lado B com uma crítica ao sucesso do mainstream com uma pequena participação de Herbert Vianna. “Sexo e Karatê” é a mais bem humorada e mostra a alienação através das mídias de massificação e da cultura pop. “Seu Jogo” é a mais fraca do disco, mas ainda assim mostra muita qualidade para uma banda que ainda estava em fase de projeção. “Brasília” fecha o single com uma severa exposição da rotina no Distrito Federal.
Investimento certeiro da EMI no ano de 1985, “O Concreto Já Rachou” foi historicamente o single EP que mais vendeu até hoje na indústria fonográfica brasileira. Fora de catálogo e ainda não lançado em CD (por pura implicância da gravadora com o grupo), este disco histórico é uma pérola do rock brasiliense e sempre será sucesso quando executado em qualquer lugar que preze por um bom som.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Crossroads - Duelo De Guitarras

Já fiz uma resenha do filme “A Encruzilhada”, mas agora eu disponibilizo aqui a cena final do longa metragem, onde acontece a batalha de guitarras entre o personagem de Ralph Macchio e o de Steve Vai como o guitarrista do diabo. Vale lembrar que Vai foi quem gravou o áudio das duas guitarras no duelo. Macchio apenas dublou.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Acordes Corrompidos

Desde a consolidação da música como uma das maiores fontes de venda da Indústria Cultural, compositores e intérpretes lançam a varejo e atacado seus álbuns no mercado do ramo diariamente pelo mundo afora. A grande maioria é formada por artistas profissionais que independente de suas abstrações criativas para com a arte, exercem naturalmente seus trabalhos na simples prestação de serviços em troca de remuneração. Nada mais justo. Mas como a música trata-se de uma indústria milionária, como está implícito no início do texto, a politicagem dos cartolas é que normatiza o que será sucesso ou o que está fadado ao fracasso.
Que o meio artístico, em específico o da música, é medíocre e corrupto, não chega a ser novidade. A corrupção está latente em qualquer ramo de atividade de nosso sistema capitalista neo-liberal. A letra de "If Money Talks", da banda Jason & The Scorches, fala um pouco disso. O fato é que isso influencia diretamente no produto acabado pronto para ser consumido. No caso a música. Há muito que surgem, no chamado “jabá”, grupos embalados, pasteurizados com conservantes para durarem com sucesso supervisionado no mainstream. Hoje já existe um outro sentido para “O Nascimento da Tragédia no Espírito da Múscia” descrito por Nietzsche em 1871.
Quantos artistas, do gosto pessoal do leitor, tornaram mais melódicas suas canções, mudaram seus estilos, apaziguaram suas temáticas ou redirecionaram seus trabalhos em busca de melhores vendas, aceitação no mercado ou fuga do empresariado pressionista? "Reign In Blood" de 1986, foi um disco tão pesado que o Slayer foi obrigado a “soar mais leve” no trabalho posterior. Se conferida a melodia vocal da música "Behind The Crooked Cross" do disco "South Of Heaven" de 1988 pode-se chegar a conclusão de que a mesma tem ritmo pra discoteda e academia de fitness. Não esqueçam de que todo músico profissional tem seu empresário promoter que tem como uma de suas funções a orientação (que quase sempre assume caráter de interferência) na música do artista para melhor veiculação.
Mesmo levando em consideração que a maior parte da renda desses artistas é proveniente de shows ao vivo, sabe-se que bandas maravilhosas encerraram suas atividades por briga de percentuais. Como disse o Pink Floyd: "money so they say. Is the root of all evil today". Outras retornaram, na onda do revival, como caça-níqueis deixando em segundo plano o teor artístico de suas músicas. No filme "The Great Rock ‘N’ Roll Swindle", os Sex Pistols assumem corajosamente que a banda foi um enlatado, produzido por Malcom McLaren, que deu certo. Trata-se de um isolado, mas significativo, caso de faixismo (visto que eles pregam o “lucro sujo”) perdoado pela sinceridade descompromissada. Várias são as produções que deixam a desejar por falta de investimentos que merecidamente refinariam mais o trabalho. Inúmeras são as informações errôneas divulgadas visando apenas o lucro. "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band" dos Beatles, foi o primeiro álbum conceitual da história da Indústria Fonográfica! Certo? Errado! Antes do clássico disco citado, "Freak Out!" do Frank Zappa & The Mothers Of Invention já havia sido lançado como um álbum conceitual. Porém, o próprio Zappa parodiaria os fab four e esse equívoco ignorado pela grande massa, no disco "We’re Only In It For The Money" em 1968. Artistas sérios são prejudicados pela pirataria que é fomentada pela própria Indústria Fonográfica que contrata o artista (isso daria uma excelente tese de doutorado em “economia corrupta”). A arte gráfica do disco "Steal This Album!" do System Of a Down, que inteligentemente não tem arte gráfica, ilustra muito bem esse sistema decadente. Até mesmo o polêmico Planet Hemp dizia “...é por isso que o Planet Hemp nunca vai se acabar!” e seu front man, Marcelo D2, vivia acusando de hipocrisia os jogadores de futebol que apareciam na TV em comerciais de cerveja. Não demorou muito para a banda acabar de uma maneira muito maquiavélica, os empresários, interessados na ruptura, simplesmente fomentaram a carreira solo dos principais integrantes, deixando-os sem tempo e sem motivação financeira para dedicaram-se exclusivamente à banda. Logo depois, o próprio Marcelo apareceria vendendo cerveja na televisão, em horário nobre, evidentemente na troca de uma gorda conta bancária. Então você vê seu grupo predileto num infinito ciclo vicioso até ele ser reformulado ou simplesmente desfeito pelo bel prazer de espectros engravatados movidos a Chivas e caviar.
Esse textículo faz uma pequena análise comportamental da influência do interesse capitalista em apenas um segmento de música, no caso, o rock. Imagine se aprofundassemos a análise para os vários outros estilos existentes, não só da música, mas da arte em geral. Certamente que iria ser necessário vários meses de austera pesquisa onde gráficos, depoimentos de especialistas, entrevistas com protagonistas e coadjuvantes, levantamentos estatísticas e dados financeiros ilustrariam a triste realidade de que mentiras, drogas, mentiras, prostituição, mentiras, mediocridade e um pouquinho de mentiras sempre estarão por trás dos souvenirs produzidos em série, das credenciais Very Important People, da última entrevista concedida e dos lançamentos do próximo mês que virão acompanhados do clichê “esse é o melhor trabalho que nós já fizemos em toda nossa carreira!”. Não que seja necessário filtrar seletivamente o que venha a ser consumido, até porque não sobraria quase nada, mas em observação analítica sobre determinada obra, é possível melhor compreensão psicológica do resultado final, tanto das composições, arranjos e letras quanto da arte gráfica e postura do grupo. Se explorado, o raciocínio pode tirar dúvidas esclarencendo pontos obscuros e oferecendo sentidos alternativos para quem deseja entender um pouco mais a arte e o artista do que simplesmente escutar a música.

domingo, 2 de janeiro de 2011

O Último Disco De Raul Seixas

Único trabalho em parceria de Raulzito.  “A Panela Do Diabo” é um epitáfio com letras douradas e que merece destaque em qualquer coleção que se preze.
O álbum abre com uma pequena introdução à capela da clássica “Be Bop a Lulla” de Gene Vicent já demonstrando que se trata de uma ode ao rock and roll.  Aliás, “Rock ‘N’ Roll” é o nome da faixa seguinte que não deixa nada a dever para o estilo que amamos tanto.  A letra revela toda a rotina letárgica que circunda a vida dos protagonistas.  A curiosidade é que o solo da canção foi gravado pelo blues man André Christóvam que a compôs em segundos no estúdio e quando tentou fazer algo mais “trabalhado”, foi impedido por Raul e Marcelo que acharam o primeiro take da gravação espontâneo e sincero o suficiente pra ser o registrado.  “Carpinteiro Do Universo” segue numa balada de letra super poética.  “Quando Eu Morri” é uma declaração de Marcelo Nova sobre seus tormentos junkies do passado e faz muita gente se identificar.  A vez de Raul se declarar vem logo depois com “Banquete De Lixo”.  O lado B do vinil abre com “Pastor João e a Igreja Invisível” que mostra de forma irônica e divertida como os Edir Macedo da vida se dão bem em cima do conformismo popular.  “Século XXI” repete a fórmula certeira de que a tal “evolução” é algo bem questionável.  “Nuit” é uma obra prima de Raul Seixas.  Não entendo como uma faixa tão bela e poética pode passar despercebida e não ser comentada nem executada em canto nenhum.  Composição de Raul em parceria de, sua então esposa, Kika Seixas.  “Best Seller” tira sarro com os ditos “intelectuais” que posam, falam e só.  “Você Roubou Meu Vídeo Cassete” talvez seja a mais fraca do disco.  Porém, mesmo assim, ainda apresenta qualidade digna de poetas musicais.  “Câimbra No Pé” fecha a bolacha com uma letra que mostra o lado juvenil ativo dos autores.
A participação de Gustavo Müllem como guitarrista da banda Envergadura Moral, que acompanha os mestre, é o aval do Camisa de Vênus.  A direção artística do gênio Liminha é sempre primorosa e a produção do grande Pena Schmidt com Carlos Alberto Calazans, e os dois personagens principais, é feito profissional que não deixa nada a desejar a uma grande produção gringa.
Enfim, um trabalho único que fecha com chave de ouro o legado do Maluco Beleza e honra Marceleza por acompanhar essa trajetória que nunca terá fim, pois já está carimbada na história da música e do rock brasileiro.  Peça obrigatória.